Friday 16 July 2021

Aquela 5ª Feira à noite...

 ... em que percebes que te encontras no limbo da vida! Meus amigos ou eu não sou normal ou o mundo virou um fiasco de pernas para o ar.


Então estava eu à 1 da manha, com a portada da varanda aberta para correr um arzinho fresco, a Alexa tinha acabado a playlist e eu tinha terminado mais uma season no Netflix... em casa tinha ficado um completo silêncio, mas dois intervenientes da festinha do vizinho estavam cá fora, num jeitinho de banter e flirt... ela perguntava-lhe de certas raparigas... e tal... e ele lá respondia, ela atirava-se descaradamente e ele como bom player não se mostrava muito interessado...


E eu claro, do meu lado a torcer que ela fosse um bocadinho mais inteligente que aquela situação... mas dois minutos daquela conversa ridícula eu cheguei à conclusão de como a noite ia acabar para aqueles dois, porque ela estava para lá de ajuda, a não ser que fosse profissional (a nivel da psique), ele ia acabar a noite a jogar batalha naval e a afundar porta-aviões ou submarinos, não sei bem, pela atitude certamente um submarinozito daqueles à Paulo Portas, com falta de peças, mas o que é que eu sei... ela ia acabar a rezar umas rezas do demónio e no fim irá acordar amanha certamente arrependida, porque ele nunca mais lhe disse nada, a sentir-se usada, com a cara toda borrada do estuque que pôs para se sentir mais confiante... 


E eu aqui sentadinha a escrever-vos, penso que raio de solteira, na flor dos meus 30 sou eu?

Passo a explicar a minha souree, então começou comigo à luta com as almofadas do sofá... no dia em que escolhemos o desgraçado do sofá era muito giro... mas devo-vos dizer que falta ali qualquer coisa, talvez um bocadinho de velcro sei lá... já pensei seriamente em me livrar do desgraçado ou então resolver o problema com super cola. Mas ainda não me decidi, quando decidir informo-vos... Mas sim, é uma luta diária desleal e eu como boa teimosa que sou, tenho dias que procrastino e evito essa luta, bem esses dias são certamente desconfortáveis e estou apenas a evitar o inevitável... porque eu vou acabar a ceder...


Depois dessa luta estive uns bons 20 minutos a rir-me da minha gata, pobrezinha da minha doce Belle Mafu, sempre tão fofinha, desde que ganhei o aspirador da Kobold ela tem revelado um lado dela que eu desconheço, bufa-lhe como uma doida, mesmo com ele desligado e encostado a um canto ela atira-se a ele como que se o fosse atacar... é de rir, vivo com esta bichinha há quase 6 anos e só agora é que ela está a revelar este lado dela... deve ser o pronúncio da crise dos 7 anos de relação... será que vamos ou será que rachamos? Para já eu acho a situação simplesmente hilariante.


Depois disso estive a discutir com a Alexa, porque ela estava armada em parva e não estava a compreender as instruções, lá acabou a obedecer... e com uma músiquinha de fundo lá acabei de devorar mais uma season duma série manhosa qualquer do Netflix...


Antes disso tudo tinha ido no meio da tarde, de pijama ao Sainsbury, bastante despreocupada para ser honesta, a pensar na qualidade de vida que tinha, mas para ficar extremamente aborrecida porque eles estão a descontinuar o azeite que eu gosto, e porquê? Sabe lá Deus, eu só sei que este azeitezinho em quase 7 anos neste país tinha sido o melhorzinho e o mais barato que eu tinha experimentado, claro perguntei muito ofendida ao funcionário da caixa o motivo e ele olhou para mim como se eu fosse tontinha.... Amigo AZEITE para uma mulher mediterrânica é vida! Mas para esta maltinha que tempera a comida com pacotinhos de papel de sal e pimenta como se fosse açucar para o meu expresso... é talvez um conceito demasiado complexo!!!


Regressei a casa com um certo pensamento que de certa forma me assustou e me confortou, quando eu tinha tudo eu não dava valor a nada, quando acordei depois do meu mundo ter caído na ruína e perceber que no pouco que tinha eu dava valor àquela garrafa de azeite específica que encontrava no supermercado onde vou de pijama me dava um certo prazer, então eu tinha aprendido uma das lições que eu precisava de aprender, dar valor, perceber que nada é garantido, nem mesmo uma garrafa de azeite plástica, da marca da casa e eu reparei antes de ela desaparecer. 


Mas voltando à dita festa decadente do vizinho, ela continua enquanto vos escrevo e os mesmos idiotas continuam à conversa... ela diz lhe salta da varanda por mim... (estamos no quarto andar e a aterragem seria provavelmente no terraço de cimento do vizinho) e ele diz cheio de confiança «confia em mim à um ano atrás eu faria mas hoje não, há um ano atrás eu saltaria e levantar-me-ia, pedia outra bebida e ainda te levava para casa!» eh lá há um ano atrás este gajo ou era o homem elástico ou o homem aranha, mas como se reformou!... (e a Mimi deste lado a oscilar entre a posição da estátua O Pensador de Rodin e o emoji com a gaja a bater com a mão na cara!!!!) como alguém que em tempos conheci diria... ENFIM!


Mas tudo isto me faz pensar, quando eu tinha tudo eu achava que ia ser destas tontinhas que eu vejo, que entram sozinhas mas que tem necessidade de sair acompanhadas apenas para que vejam que vão sair acompanhadas, como se tivessem que provar algo a alguém... 

Que falta de conhecimento na pessoa que me tornaria.

Vivi em tempos da selfie em que parecia ainda mais feliz do que era, que vivi daquela postagem do instagram, que freebies me provavam que o que eu faria era valorizado... daquelas fotos de viagens a provar a bela vida que tinha, fotos de comida que provassem que estava em sítios maravilhosos ou que era uma cozinheira digna do Master Chef...


Mas eu era feliz, mas só me sentia verdadeiramente feliz depois da aprovação/validação dos outros. 

Conheço outros casos que já não são assim, exemplos simples de quem passa a vida a queixar-se aos outros de que é infeliz na relação, que não passa tempo suficiente com os filhos, que se sente frustrado no trabalho. Mas olhas no instagram e são o casal que vibra em felicidade, fora das fotos ela afogasse em lágrimas e álcool na banheira, passa a vida a sair com os amigos, honestamente quem olha mas não ouve não imagina que naquela vida invejável que muitos pensam que tem, fora das redes sociais essa mesma pessoa se sente um lixo, mal amada,  incompreendida e uma mãe de caca, porque para postar aquelas fotos teve de mandar os filhos para casa de alguém e entre as saídas e o trabalho eles crescem longe dos seus braços.


Recentemente disseram-me que eu estava a dar em louca na minha solidão, que solidão matava. Eu não escolhi ficar sozinha no primeiro instante, mas sempre me disseram que independentemente de tudo, tudo fica bem, e como quem não tem cão caça com gato, aprendi a viver a minha vida, aprovada por mim, validada por mim, fiz um detox das redes sociais, agora uso-as quase exclusivamente para trabalho e piadas, e faço o que tenho a fazer, passo tempo com os amigos que valorizo, afastei-me de quem não acrescentava nada à minha vida... e se prefiro na maioria das vezes estar em casa? sim, é verdade, em casa eu sou rainha, em casa eu estou confortável e gosto bastante da minha companhia, conheci uma nova Mariana, que na realidade eu não conhecia, fiz as pazes com o meu cérebro e comecei a viver bem neste status quo.


Se sou solitária? Não sinto. Tenho pessoas na minha vida. As certas. Não tenho namorado mas isso não me faz solitária. Quantas pessoas estão em relações que se sentem completamente sozinhas acompanhadas? Muitas! Infelizmente senti-me assim algumas/muitas vezes nos últimos meses da minha relação.

A sociedade diz que com a minha idade eu devia ter um rancho de filhos e um marido barrigudo... mas já somos duas barrigudas cá em casa... chega bem! Se devia já ter progredido na carreira? A sociedade diz que sim. Eu sinto que estou numa posição confortável no trabalho que me deixa crescer no meu negócio. 


Em mim, honestamente eu sinto-me bem. E quando dá aquela vontade de ir para aí rebentar meio mundo e regar-me em álcool para provar a mim mesma que estou a ultrapassar melhor que ele... bem, eu como boa amiga das lides alentejanas, eu sento-me e espero que passe.


As colegas estão sempre a perguntar sobre essa vida amorosa, acho que elas acreditam que com a minha personalidade eu ando para aí roda no ar, eu normalmente ignoro, lá perguntam se há namorado, e eu lá digo que não, elas lá insistem e perguntam se eu estou nas apps e eu hum hum, não imaginam elas que 95% dos gajos não passam da primeira mensagem, 3% não passam do primeiro dia de conversa, a percentagem de quantos conseguem o meu numero ou um encontro... well a lady doesn't kiss and tell... ou será que me juntei a um mosteiro? Não se sabe. Só a mim diz respeito.


A única coisa que vos posso dizer é que fiquei extremamente selectiva. Eu provei a mim mesma a mulher que não sabia que era. Trabalhadora, Forte, Independente, Maravilhosa. E eu tive o melhor que podia ter tido quando não era nem metade do que sou hoje, então porque hei-de me contentar com insignificantes?! Por causa de um desperdício de energia para escorrer duas gotas de suor? Poupem-me! A amazon está cheia de coisas que ajudam com resultados melhores, e com duas mãozinhas... que deus me deu... não preciso que me doa a cabeça apenas para isso!


Portanto que gaja solteira sou eu nos meus 30? Bem, a melhor versão de mim mesma, alguém que tem os seus amigos, que tem a sua família, que tem o seu trabalho, o seu negócio, a sua vida, mas acima de tudo um amor e uma valorização por quem é incalculável....


Claro, que a ouvir pessoas como os amigos dos meus vizinhos que não se encontram no meu nível de clareza emocional, que não capazes de passar 5 minutos sozinhos, eu sinto-me uma velhinha de 90 anos, e só me apetece mandar-lhes com um bocadinho de água benta nas ideias e dizer «No meu tempo isto não era assim!»

Começo a acreditar que na minha vida passada eu morri velhinha porque eu não estou para estas coisas ahah, para não falar das minhas dores nas cruzes e as minhas potenciais artroses.


Na realidade não estou aqui para papar grupos... e as pessoas podem pensar o que quiserem de mim, quem não me conhece pode dizer o que quiser... mas na realidade a mim nada disso me afecta, porque na minha vida quem manda nela sou eu! 

"Second thing second

Don't you tell me what you think that I could be
I'm the one at the sail, I'm the master of my sea, oh-ooh

The master of my sea, oh-ooh " excerto da música Believer dos Imagine Dragons


E por hoje deixo-vos assim um post meio confuso como o meu maravilhoso cérebro... os idiotas foram dormir e eu também já posso ir dormir descansada sem barulho! BEIJOS

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