Friday 21 May 2021

Essa história do «Ai tal Amor..."

É engraçada a capacidade emocional que a quase chegada aos 30 me traz diariamente...


Hoje tenho uma pergunta:

Podemos amar duas pessoas ao mesmo tempo?


A  Mimi de ontem diria que não! Jamais.

A Mimi de hoje já vê o mundo com outros olhos! Eu detesto pessoas que respondem a perguntas com mais perguntas, no entanto, não seria justo dar-vos a minha resposta logo no início do post... portanto vamos exercitar a mente! OK?


Recordam-se quando nós eramos crianças e nos perguntavam "de quem gostas mais do papá ou da mamã". Eu lembro-me bem dessas perguntas, lembro-me de olhar a minha mãe e pensar "o que é que esta pessoa estúpida está para aí a dizer?! É claro que eu gosto do papá e da mamã de igual forma. "


Mas temos de ter em consideração que eu vos perguntei quando eramos crianças, quando nós eramos inocentes, quando não tínhamos em consideração coisas como respeito, experiências de vida... etc etc


Sim, eu amo os meus pais de igual forma, são ambos humanos, ambos cometeram erros, ambos os continuam a cometer, respeito a minha mãe nos mais diversos níveis, infelizmente o meu pai não merece o meu respeito. Amo a minha mãe, respeito a minha mãe, gosto dela mais dias do que aqueles que desgosto. Amo o meu pai, não o respeito e apesar de o amar tão profundamente como à minha mãe, não gosto dele, hoje. Não é algo de hoje... é uma situação acumulativa.

Sim, hoje a minha mãe é a favorita, mas não porque a amo mais, mas sim pelo respeito que lhe tenho, pela pessoa que ela é!


E os nossos avôs? Eu amava o meu avô da mesma forma que amo a minha avó. Ele já partiu há tanto tempo, já tive mais anos de existência sem ele, dos que os que tive com ele. Não o deixei de amar e nunca deixei de sentir a sua falta. Tem dias que não gosto dele, tem dias que penso que ele me abandona, porque ele é a minha estrelinha, tem dias que eu penso porque deixaste que isto acontecesse comigo? Estavas a dormir? Mas o amor que lhe tenho e a fé que tenho naquele homem que olhava ao longe por mim jamais me falha, sei perfeitamente que quando ele deixa algo acontecer é porque um mundo melhor está para chegar!

A minha avó por outro lado, amo-a tão incondicionalmente como a ele, e a raiva de ela se ter posto num avião no meio da pandemia para ir à Suiça está a passar, mas se essa raiva existiu foi exactamente por isso, porque quando amamos não queremos que se ponham em risco, quando amamos temos medo que amanha não estejam ali. A realidade é que o risco de nos abandonarem, o risco de partirem antes de nós é real. E quando amamos alguém queremos que permaneçam ao pé de nós e que partam connosco nunca antes, porque sofrer a sua falta é doloroso e sempre que perdemos alguém temos de nos reconstruir sem essa pessoa, algo tão difícil na realidade.

Eu tive a sorte de ter tido na minha vida 3 avôs extra. Que amei e me amaram e que me aceitaram como sua como eu os aceitei como meus. Quando 2 partiram sofri mais do que pelo meu avô biológico, é estranho, não sei, eu era uma criança quando ele partiu, e eu senti que ele tinha partido, antes de a minha mãe me contar, eu lembro-me de lhe ter perguntado se ele tinha morrido e de ela me dizer que sim, eu tinha aceite sem aceitar, fingi-me de menina forte, porque era o que eu achava que a minha família precisava. 

Os outros dois emprestados eu chorei, berrei sozinha no meu quarto e eu sabia que era algo que era esperado de ambos. A terceira não sei dela e isso custa-me porque me lembro dela tantas vezes como me lembro da minha própria avó, "será que está bem? será que tem tido com quem falar? ai... que saudades da sua comida"....

Dos 3 a que partiu era a minha favorita, era a mais velha, tinha uma visão tão bonita do mundo para a sua idade. E porque quando era adolescente escrevi para uma revista um texto sobre a avó velhinha dos xailes pretos, ainda nem a conhecia, a carta tinha sido baseada na minha bisavó que não conheci, mas que encaixava perfeitamente nela. As suas histórias, a forma como ela me abraçava, oh meu deus aquele abraço, a falta que faz, às vezes olho as estrelas e penso nela, dantes sentia que lhe tinha falhado. Hoje olhei a noite e senti que não, que o falhanço não era meu, porque eu tentei tudo, o falhanço estava noutras mãos que não eram minhas, nas mãos de quem ela incumbiu uma tarefa e que não foi cumprida.

Mas Amo-os a todos de forma igual, de apenas 2 avôs eu sou uma felizarda por ter encontrado mais pelo caminho. E sim, todas as partidas custaram, mas eu não mudava nada, porque o tempo que passaram na minha vida, todos eles me mudaram, todos eles me tornaram uma pessoa melhor! Porque eu hoje sou quem sou e eles contribuíram!


Amor é uma coisa tão gira... amor não é favoritismo, não é respeito, não é nada daquelas coisas que nós pensamos. Amor sem respeito não é amor, achava eu, porque a meu ver um homem que batia na mulher não a ama, não é bem assim, amor é amor e cada um ama a sua maneira, existem formas doentias de amar sim. Amor, felicidade, carinho, saudade, respeito, são tudo sentimentos independentes uns dos outros.


Eu só tenho uma irmã, e amo-a incondicionalmente... múltiplos dias não gosto dela, ahah, mas amo-a sem precedente. Mas em conversa com pessoas que tem mais do que um irmão todos me dizem " eu tenho o meu irmão ou a minha irmã favorita, mas amo ambos", certo, porque amor é puro, é inocente. O favoritismo deve-se a outras coisas como terem os mesmos interesses e gostos, personalidades, vivências... etc... etc...


Os amigos amamos exactamente da mesma maneira, porque são todos amigos, o melhor amigo é simplesmente o nosso favorito.


Então porque é que somos capazes de amar múltiplas pessoas da mesma categoria exactamente da mesma forma mas não podemos amar duas pessoas?

Trata-se de um mecanismo qualquer no nosso cérebro que traça a linha apenas nessa situação? Estranho


ALTO E PÁRA O BAILE: eu ainda me considero hoje, 100% a favor da monogamia.


No entanto, eu (no momento em que estou a escrever isto, amanhã não sei, perguntem-me amanha, sim?) acredito que o ser humano seja capaz de amar várias pessoas da mesma forma ao mesmo tempo. 


Provas: 

1) Filhos adoptivos quando conhecem os pais biológicos não deixam de amar os pais adoptivos, simplesmente não os substituem no coração, não dizem olha só tenho espaço para um de cada (arca de nóe) portanto fora com os adoptivos e bem vindos pais biológicos ao meu coraçao!

2) Quando eu adicionei os meus avôs emprestados não substitui os anteriores, não apenas adicionei os emprestados e depois de adicionar... será amor para sempre.

3) O filho mais velho dum casal com 3 filhos quando chega o mais novo à sua vida, não diz ao filho do meio, ora bem, vou-te substituir pelo modelo mais novo, não. Adiciona amor por mais um.

(...)


E depois a teoria de quantificar sentimentos é ridícula... a necessidade que nós temos de dizer "Eu amo-te muito" qual é a diferença do "Eu amo-te"? nunca ouvi dizer "Eu amo-te pouco", mas estamos a fazer o quê?! contar bananas? Por favor... "Eu sou muito feliz!" e "Eu sou feliz" há diferenças?! (depende do eu sou feliz na realidade há alguns "eu sou feliz" tal como alguns "eu amo-te" que são balelas, mas isso é pano para outras mangas e o post já vai longo!).

Se alguém for para aí gritar: " Dinheiro eu tenho muito!" (eu nao tenho) a gente pensa logo, que exibicionista, cagarolas de me***, mas lá está gritar para aí "eu amo-te muito" faz sentido... poupem-me!

Na realidade o que nós deveríamos andar aí a gritar ao mundo na realidade é "Eu amo-te mais do que aquilo que desgosto de ti". (outros deveriam dizer "Eu tolero-te mais do que o que te amo", tópico para outro post!).


PROVA:

1 de 1) (porque uma chega para provar o meu raciocínio) Vocês amam aquela pessoa, certo, e amam o seu bafo ao acordar, o seu xulé, o seu sovaco com cheirinho a cavalo, o seu mau feitio, o seu orgulho desmedido, a forma sádica como às vezes de forma propositada vos magoam, etc? Não me lixem e sejam honestos, vá!


Na minha opinião, amar duas, mesmo 3 pessoas uma vida inteira, é normal, os amores são diferentes, não são quantificaveis em metros ou litros ou sequer milhas, amas e pronto.


Porquê? Porque amar por si só não chega!


E só porque a pessoa saiu de cena ou tu a removeste, não significa que o amor morre, o amor não morre porque a mandas à merda. A minha avó continua a amar o meu avô e ele já partiu à tanto tempo. Acredito que a minha mãe secretamente ainda ame o meu pai, menos do que aquilo que ela desgosta dele neste momento.


E eu pois bem, eu amo também, podia adicionar um infelizmente em frente, mas não faz sentido, tal como em criança e ainda hoje, amo o papá e a mamã, também o amo e pronto. 

Hoje posso dizer abertamente que o amo, mas que não gosto da pessoa que ele se tornou para mim, na forma como me trata. Hoje eu amo-o mas não gosto dele!


Hoje abri o coração para a possibilidade de o amar como o windows corre certos programas do background do nosso trabalho, e abrir-me para amar mais alguém. 


Porquê? Porque hoje eu amo-me porque eu hoje me adoro, porque hoje eu gosto de mim. E de nós os dois, hoje eu sou a minha favorita. E como tal, está na hora de voltar a abrir a porta de casa e tropeçar num novo amor, num que eu vou adicionar, porque eu já percebi que não sei apagar. Porque gostar, gosto de muita gente e amar até hoje amei poucas.


Portanto em resposta e em suma à pergunta com que comecei o post:

Podemos amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Eu hoje, acredito que sim, já não acredito que o segundo seja substito mas sim uma adição à nossa equação que trará coisas diferentes à nossa vida, tal como o segundo irmão ou uns avôs extra! Se sei por facto, não, não sei. 

Mas prometo que vou procurar descobrir e quando souber vos conto tudo! Prometo mostrar a mim mesma que sou capaz, sabendo que o vou mostrar aos outros que o sou. E é nessas viagens de auto descobrimento que descobrimos imenso sobre nós mesmos!



Fiquem bem.


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Saudações Negras